quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Autoretrato.

Novas linhas. Retas.
Novas linhas. Curvas.
Enebria-se o vento, perde-se o volante; o controle das asas.
Bom dia.
Um sol. Brilha. Brilha. Brilha.
Aprender a brilhar. E brilhar.
Aprender.
Somente aprender.
Esquecer memorias. Comecar do zero: reaprender.
Enebriar-se. Chover-se. Estar.
E no fundo, no fundo...
Amar.



P.S.: Antigo...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Das artes. Das artes. A arte

Gosto do seu rosto apreensivo vendo arte. Gosto do seu jeito fazendo arte. Contar histórias com brilhos no olhar: é uma arte.
Gosto de pensar que foi por uma certa arte certeira que nos conhecemos, e por sermos feitas um pouco de arte também, que fomos nos fazendo juntas.
Quero ver um maço de flores com você. Quero conhecer um lugar novo. Quero apresentar um lugar novo. Quero ouvir no silêncio músicas que ninguém jamais ouvirá. Quero sentir o frio no calor e muito calor no frio. Quero o seu corpo. Quero os nossos.
Quero ver uma apreentação de dança, um espetáculo teatral, uma ópera, uma orquestra, uma exposição. Será arte.
Tudo arte.
Até que a palavra arte perca a sonoridade. Até que a palavra arte perca o sentido. Até que nós nos transformemos em pura arte e percamos os sentidos. Até que não sejamos mais nada. Seremos apenas arte, sem sentir e sentidos.
Tudo arte.
Apenas arte.

Sobre o sentimento do sentir e a forma que as pessoas nos leem.

Estou aqui, sentada, com o estômago na mão. Claramente, leitor, pareço não estar com o estômago na mão; ou já estaria morta, posto que por parecimento o estômago que me referia era o meu próprio. Essa pode até vir a ser a verdade inconfundível dos fatos, mas peguei um exemplo esdrúxulo.
Digamos, então, que estou cá, assentada, com meu amor entre as mãos. Poderia eu estar falando seriamente? É claro que sim. Quando digo que tenho em minhas mãos, agora, o meu amor, digo que tenho entre elas o objeto do meu desejo e contemplo: meu amor. Em contra partida, pode-se subentender o que na verdade não está escrito, como no primeiro exemplo, de que o que tenho em meus braços é o nada, embora sendo apenas o sentimento.
Comunicar-se, então, vem sendo muito mais dificultoso nesses últimos tempos onde Clarices e Caios traçam perfis de alma, enquanto nós, meros mortais, traçamos retratos da escrita. Bem complicada essa arte das palavras soltas.
Outro dia, como exemplo, tentei ser racional para não ser chata ou parecer ríspida. E também por ser o meu jeito, as vezes... Digo, na situação em questão, era. Surpresa ao meu dilema é que como resposta às minhas desajeitadas formas de expressão e pontuação acharam-me séria e um pouco brava. Não que eu não estivesse ou que estivesse, isso não deveria importar nessa discussão unilateral aqui. O que importa mesmo nesse instante é que engraçado foi ver a minha tentativa de quase simpatia e amostra de raciocínio ser expressamente considerada como humor. Mas se querem saber qual era ele para entenderem se não houve possibilidade das emoções trespassarem as palavras, eu conto: estava rindo-me, embora não demasiadamente, da situação e pensando em como falaria que acho que conversar é um caminho florido àquelas pessoas que querem conversar.
Mas, continuando o assunto, é isso. Como é difícil conversar e se entender... Principalmente quando a intonação não nos resta; é negada. Espero que entendam o que quero dizer! - Ai meu deus!!!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Falá cá.

Sabe-se lá! Sabe-se lá! Quando é que voltará?
Senhor de lá! Senhor de lá! Traz já pra cá muita notícia pra se tê o quê falá!
Ô minha criança, a Ilana andou dizendo - aliás, melhor fazendo! - um monte de estripulia ortográfica.
E se quer saber do melhor, amor que mimo, dela não se sabe nem falá!

Chega por hoje, moça velha, que a sinhá já se estrepou.
Escreveu cada troço que nem o silêncio gostô.
Saiu correndo rapidinho, e se emaranhou no barulho das palavra,
Oi que cê fez, ói que cê fez!

Chega por cá,
Que sem falá,
É bem melhor pros lados de cá.


P.S.: Isso é uma demonstração de como a Ilana se faz parar de escrever. ok? rs... Sim, isso tem o intúito de ser... bobo.

Singelamente do dia a dia, bobinha bobinha!

Saudades que não passam enforcam a lanterna de Margarida;
Quando quis amar, só pôde esperar.
É que a luz, ali, demora a chegar.

D'Aquela que aqui não vinha ha muito...

(Estilo curtinhos, aos antigos ainda que nova.)

A surpresa pegou-a repentinamente: que tanto!
Ah, respondeu a outra, tudo culpa da piração... Só que com o ins antes.
"Há em mim uma criança que se recusa a morrer" - Citação por causa do livro mutações, onde a Liv Ullman Cita uma escritora dinamarquesa... Estou com saudades desse livro. Acho que vou pegá-lo de volta.

?

O que faz viver a princesa que foi presa em um castelo? O amor, ou a espera que ele nos faz ter até encontrá-lo e sermos obrigadas à lutar por eles?
Como andam distantes os pensamentos que antes me pertenciam. Como andamos distantes de nebulosas nuvens coloridas como desenhos infantis! Que nada! Tudo mentira! Andamos próximas demais de nós mesmas, e sabemos disso.
Hoje tenho me perguntado como ainda estaria viva senão por parte da vida... Talvez seja a vida, mas prefiro acreditar assim:
Carrego comigo, sempre que posso, uma dúzia de sorrisos e um pouco do seu olhar.

D'As Palavras e Frases

Frases soltas me surgem na cabeça. A minha vontade é de pintá-las livres num corpo nu.
As frases soltas dizem sobre sorrisos. Sorrisos são ditos em corpos nus - principalmente quando dois.
Não os digo pelados, digo nus. E há razão para tudo, inclusive a escolha das palavras.
Nudez é algo que - ao contrário do que dizem as más linguas - jamais será castigado. Há perdão para todo o sempre - amém - para qualquer tipo de nudez. As palavras que me sugerem as idéias falam sobre isso também, não somente do corpo como a da alma, das rosas... Das próprias palavras.
Os dedos escorrem sobre outro corpo - nu - enquanto a tinta pinta as frases libertas de senso ou qualquer significado óbvio. Talvez nem estivesse ali algo não óbvio. Talvez não estivesse, simplesmente. Embora estivessem as frases; belíssimas!
Diria que foi ao meu desmaio que padeci. Direi que a culpa é sua.
Esse é um exemplo de frase: com tanto significado para mim quanto deva ter outra para si.
Se lhe mostrassem um caminho, talvez pudesse ver o coelho. As estrelas cadentes são mais preguiçosas quando olhamos pro céu. O arco-íris está escondido atrás de um olhar.
As frases tão cheias de sentidos e sentimentos - mais que cegas; enormes corações pulsantes - chegam até mim como se me quisessem inteira.
Inteirinha. Só para elas; para os pulsos delas.
Para você, inclusive.

Me tem.

D'A Imaturidade

Ia brincar de dizer: "Até minha insegurança"- que era o problema inteiro - "é imatura!"
Mas corrigiu-se dizendo: "Mentiras que digo! A minha insegurança, por exemplo, já anda com as próprias pernas."

D'A Dor

O que dói em mim... Dói no outro?
Poderia não doer sentir rasgar a carne em palavras cúmplices?

Ela & Ela

Era dia. Embora sempre que fosse dia escrevesse que noite, o vice-versa era recíproco. Ela havia ido embora cedo demais. Ela estava ainda com esperança que voltasse logo. É óbvio que existem duas elas nessa história. Mas duas elas que prefiri não destinguir. Apenas isso. Eram duas num texto, sendo apenas uma noutro contexto. Ou talvez o contrário é que estivesse certo. Mas nunca saberemos; aqui temos duas e apenas uma. Não adianta perguntar, persuadir, nem elas mesmas saberiam lhes contar. Nem mesmo ela poderia...!
Ah! Como já foi dito por mero destino, ela havia ido cedo demais. A outra esperança demais. As duas, olhares demais.
Os olhos de flor de uma faziam falta nos olhos cheios de cor da outra. Ela não entendia muito bem. Sabia muito bem, mas talvez não pudesse entender.
Não que se fizesse de boba, ou fosse muito acanhada... Mas preferia, de certa forma, apaziguar seus grandes olhos numa bacia cheia de sorrisos. Ela escolheu de se pintar com os mais belos. Ela apreciava tanto os tão belo sorrisos que por isso fez a tal bacia. Claro que aqui a ela dos sorrisos não era a colecionadora dos tão belos sorrisos guardados na bacia.
Era uma bacia pois ela - e não se pode saber qual ela - pensava que bacias eram feitas para as melhores coisas. Lembranças inclusive. Estrelas cadentes, histórias bonitas, arco-íris em dia de sol e de chuva! Sorrisos, olhares, cores. Coisas assim, bonitas. Talvez as duas elas pensassem isso. Mas uma preferiria cadernos, talvez. Provavelmente caixinhas de música que tocariam Por Elise, mas eu não sei dizer.
As coincidências do destino, aquelas velhas (quase rabugentas!) que fizeram tudo aqui. Ela sabia. Ela sabia que não eram coincidências pois não acreditava em coincidências. Ela sabia.
Ah, como saber o que se fazer com um jogo de rodar uma roda de bicicleta sobre um baquinho? . Ela se perguntou isso muito antes de conhecer a outra ela. E descobriu, depois, que era um jogo comum, entre as velhas coincidências. Desastrosas! Arteiras e certeiras...! Ela nunca havia se perguntado, talvez! Mas apenas talvez pois como já disse: eu é que não sei de tudo
A questão toda das duas elas, é que uma foi embora cedo, e a outra ficou acordada. Mas ela não podia velar o sono da outra. Mas sentia tanta vontade que resolveu ir dormir.
FIM.


P.S.: Isso não nescessariamente é baseado em fatos. Provavelmente inspirado, talvez! Mas certamente não tem a mínima idéia de rodar as cabeças alheias. É simples: é isso. Sentir.

Minhas reticências minhas

Nunca chamei reticências de reticências. Aliás, claro que já. Mas quase nunca quando deveria chamar... Me recusava, acho que tenho certa tendência a protegê-las... Por mais que gaste-as e as escreva aos quatro ventos, creio ter um amor tanto quanto maternal por elas.
Dei-lhes um codinome. Como Cazuza deu ao seu beija-flor. Como tantos fazemos em nossos amores. Chamo-as de "três pontinhos".
Claro que "três pontinhos" não é um codinome digno... É completamente indigno chamar as minhas tão amadas reticências por apenas... Bem, vocês entenderam. Porém, contudo, etc., etc., eu não consigo!
Reticências não sai. Não vai pra frente. Elas são muito mais que reticências também. São o instante antes. São a pausa. O instante depois. O porvir. O entrevir. O que deve estar ali, mas delicadamente deixou que fosse-se ir substituindo-se por uma pontuação tão carinhosa. Tão carinhosa que deixa a certeza do que esconde, deixando a dúvida como gorjeta.
Quem será que inventou as reticências? Talvez elas tenham nascido sozinhas. Acredito que sim, que nasceram sozinhas. Não sei se são universalmente representadas da mesma forma, mas posso afirmar-lhes que nem ao menos um autor poderia sobreviver escrevendo sem tê-las aos lados...
Elas são como a respiração prolongada de um pássaro, ou o lindo voo de um amor. Se é que me entendem... tenho certa queda por elas!
Um tanto quanto Alice, ela sonhava. Mas estava plenamente - ou achava que estava - ciente de que os sonhos eram sonhados dentro da realidade; estava acordada.
Procurava por rosas. É verdade que alguns ramos espinhentos grudavam em sua saia, como se fossem atacá-la em segundos. Mas o silêncio consumia os raminhos, os espinhos, o amor, o olhar e a saia. Ha quem diga que o silêncio consumia também as rosas... Ah sim! As rosas!
Há de se colher duas vezes uma rosa desabrochada?
As pétalas caidas por cima dos ramos lembravam-na de que provavelmente seria possível dar vida àquela desabrochada paixão - embora a palavra que pensasse não fosse exatamente essa; era rosa - ainda que ela se lhe houvesse colhido. Havia oportunidade e engano para isso. Havia interesse inclusive para deixar-se desabar do topo do precipício. Liberdade.
Ai, que não deveria dizer certas coisas.
Seu coração explodiu ao ver a rosa. Não, é claro que existiam várias. Mas ela então viu a tão procurada rosa. A Rosa. Talvez com letras maiúsculas em seus inícios: A Rosa.
Para sempre e sempre, entra raminhos. A menina a olharia dali. Provavelmente chegaria perto vez ou outra, talvez se atrevesse a colher a rosa que já fora colhida. Mas aquele instante não importava: seria eterno.


P.S.: Isso é a coisa mais nonsense que já escrevi?
Era o nada.
Mas como seria se nada era? Não adiantava negar: continuava sendo.
As pupilas em transe procuravam o tamanho certo... Como se procurassem adequar-se à situação, esquecendo-se de que com isso deixavam sua dona louca, delirante, e para quem duvidar - meio biruta.
Um longo suspiro. "Um longo suspiro" é aqui escrito dessa forma para poupar os leitores que já devem abominar o uso de "Ah!"s... Dizem as más línguas que deveria lançar um livro com um título enorme, ocupando toda a capa: "AH!". Talvez seja verdade... Mas continuando a história então atravancada por um suspiro - o que é bem real, diga-se de passagem... Suspiros muitas vezes atravancam histórias. Inda mais se são longos!
Ela, deixando a pausa do suspiro - mas sem se esquecer dele - tentou sentir-se. E sentiu. Sentiu-seum pouco zonza - e também um tantinho sonsa - por estar ali, naquele cenário daquela noite com aquele nada.
O nada era, por exemplo, um furo em sua barriga. Sim, um furo enorme que deixava ver o outro lado da pessoinha ali antes suspirante.
Mas era o nada também, que como se fosse completamente dotado do tudo regendo suas forças, que a tomava por inteiro em todos os poros. Era frio, o nada.
E era frio como um cinza azulado de manhã que neva. Talvez tão frio quanto, talvez.

Mas pôs-se que em seus olhos não se viram mais cores que não fosse aquela que absorve tudo das outras e a garota estava no chão... Mas não como estivera antes. Estava agora de corpo e alma; inteiramente sobre o chão.
Tudo isso era um marcador de livros vendido numa prateleira qualquer, em meio ao nada que restava à ela agora ali. Deitada. Enevoada. Completa pela neblina e fogo que somente alguém haveria de tocar.

Ela espera. Onde estará?