quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Minhas reticências minhas

Nunca chamei reticências de reticências. Aliás, claro que já. Mas quase nunca quando deveria chamar... Me recusava, acho que tenho certa tendência a protegê-las... Por mais que gaste-as e as escreva aos quatro ventos, creio ter um amor tanto quanto maternal por elas.
Dei-lhes um codinome. Como Cazuza deu ao seu beija-flor. Como tantos fazemos em nossos amores. Chamo-as de "três pontinhos".
Claro que "três pontinhos" não é um codinome digno... É completamente indigno chamar as minhas tão amadas reticências por apenas... Bem, vocês entenderam. Porém, contudo, etc., etc., eu não consigo!
Reticências não sai. Não vai pra frente. Elas são muito mais que reticências também. São o instante antes. São a pausa. O instante depois. O porvir. O entrevir. O que deve estar ali, mas delicadamente deixou que fosse-se ir substituindo-se por uma pontuação tão carinhosa. Tão carinhosa que deixa a certeza do que esconde, deixando a dúvida como gorjeta.
Quem será que inventou as reticências? Talvez elas tenham nascido sozinhas. Acredito que sim, que nasceram sozinhas. Não sei se são universalmente representadas da mesma forma, mas posso afirmar-lhes que nem ao menos um autor poderia sobreviver escrevendo sem tê-las aos lados...
Elas são como a respiração prolongada de um pássaro, ou o lindo voo de um amor. Se é que me entendem... tenho certa queda por elas!

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