Escute de mim! Sim, escute aqui da minha boca fechada.
Você, sim, pare aqui e agora e me ouça.
Vá andando vagarosamente por minhas palavras tortas, súbtas armadilhas; espreito seu medo.
As palavras, tontas, entram por um ouvido e se recusam a sair pelo outro, dão meia volta forçadamente para voltarem de onde vieram, você quer saber? Não me importo se já deram voltas por aí, quero escrever-lhe agora para gravar a fogo na retina do amor que é meu. Meu coração que ama o seu, meus olhos que amam o seu olhar, e os lábios - meus - que amam a boca que é sua. Leia. Deixe-me gravar em todo seu corpo minhas palavras, escrever meu nome, gravar em tudo que é fisicamente seu: eu amo.
Você ama.
E agora é a minha hora. Hora de falar-lhe que amor é abismo.
Hora de falar dos ciúmes.
Do inexistente.
Do apenas nosso.
Escute minha boca fechada. Ouça minhas palavras escritas. Pare, você, e deixe cravar as palavras na retina, com vidro, com amor, com tudo o que poderia.
E o que posso.