quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Era o nada.
Mas como seria se nada era? Não adiantava negar: continuava sendo.
As pupilas em transe procuravam o tamanho certo... Como se procurassem adequar-se à situação, esquecendo-se de que com isso deixavam sua dona louca, delirante, e para quem duvidar - meio biruta.
Um longo suspiro. "Um longo suspiro" é aqui escrito dessa forma para poupar os leitores que já devem abominar o uso de "Ah!"s... Dizem as más línguas que deveria lançar um livro com um título enorme, ocupando toda a capa: "AH!". Talvez seja verdade... Mas continuando a história então atravancada por um suspiro - o que é bem real, diga-se de passagem... Suspiros muitas vezes atravancam histórias. Inda mais se são longos!
Ela, deixando a pausa do suspiro - mas sem se esquecer dele - tentou sentir-se. E sentiu. Sentiu-seum pouco zonza - e também um tantinho sonsa - por estar ali, naquele cenário daquela noite com aquele nada.
O nada era, por exemplo, um furo em sua barriga. Sim, um furo enorme que deixava ver o outro lado da pessoinha ali antes suspirante.
Mas era o nada também, que como se fosse completamente dotado do tudo regendo suas forças, que a tomava por inteiro em todos os poros. Era frio, o nada.
E era frio como um cinza azulado de manhã que neva. Talvez tão frio quanto, talvez.

Mas pôs-se que em seus olhos não se viram mais cores que não fosse aquela que absorve tudo das outras e a garota estava no chão... Mas não como estivera antes. Estava agora de corpo e alma; inteiramente sobre o chão.
Tudo isso era um marcador de livros vendido numa prateleira qualquer, em meio ao nada que restava à ela agora ali. Deitada. Enevoada. Completa pela neblina e fogo que somente alguém haveria de tocar.

Ela espera. Onde estará?

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