quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Um tanto quanto Alice, ela sonhava. Mas estava plenamente - ou achava que estava - ciente de que os sonhos eram sonhados dentro da realidade; estava acordada.
Procurava por rosas. É verdade que alguns ramos espinhentos grudavam em sua saia, como se fossem atacá-la em segundos. Mas o silêncio consumia os raminhos, os espinhos, o amor, o olhar e a saia. Ha quem diga que o silêncio consumia também as rosas... Ah sim! As rosas!
Há de se colher duas vezes uma rosa desabrochada?
As pétalas caidas por cima dos ramos lembravam-na de que provavelmente seria possível dar vida àquela desabrochada paixão - embora a palavra que pensasse não fosse exatamente essa; era rosa - ainda que ela se lhe houvesse colhido. Havia oportunidade e engano para isso. Havia interesse inclusive para deixar-se desabar do topo do precipício. Liberdade.
Ai, que não deveria dizer certas coisas.
Seu coração explodiu ao ver a rosa. Não, é claro que existiam várias. Mas ela então viu a tão procurada rosa. A Rosa. Talvez com letras maiúsculas em seus inícios: A Rosa.
Para sempre e sempre, entra raminhos. A menina a olharia dali. Provavelmente chegaria perto vez ou outra, talvez se atrevesse a colher a rosa que já fora colhida. Mas aquele instante não importava: seria eterno.


P.S.: Isso é a coisa mais nonsense que já escrevi?

Um comentário:

Laryssa disse...

Não conheço muito o seu trabalho ainda, mas digo que esse é o melhor texto que li até o momento. Amei principalmente a parte sobre colher mais de duas vezes uma rosa desabrochada. Na minha visão de vida, é possível sim. Achei o texto inspirador (posso dizer dessa forma?). Sucesso!