terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Assassinato. Nato.

Nada. Nada além de uma dor insuportável que tomava seu corpo como se fossem mil facas. A voz da triste cantora rondava seu quarto enquanto ela pronunciava para si mesma que não iria mais derramar lágrimas.
Mas as lágrimas não pronunciavam nada, silenciosamente protestavam contra sua decisão e se não caiam faziam seus olhos doerem e ficarem turvos como se uma névoa espessa se apressasse em se colocar entre ela e o mundo. Parecia chover sobre ela. Parecia existir mesmo a tal névoa. Parecia mesmo ser mais frio ali, junto daquele pedaço de carne ainda vivo - tecnicamente, ela diria. E por pouco tempo, desejaria fortemente.
As palavras cortam.
As atitudes silenciosas dilaceram.
Um olhar é capaz de um tiro certeiro até a alma de um pobre ser. Qualquer olhar sem amor tem essa capacidade, mas parece que os olhos dele sem paixão pareciam enforca-la com as próprias mãos. Sem o mínimo de piedade, sem a frieza da distância do tiro. Simplesmente ali: pele na pele. Queima. Queima forte o sentir. As digitais dele cravadas em sua doce pele.
Suave forma de morrer de amor.

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